CLUBE DOS INDECISOS : CHECK.

Mudei meu planejamento de posts do blog para este aqui. A ideia disso surgiu dos inúmeros e-mails, directs no instagram e inbox que tenho recebido de pessoas indecisas no que fazer da vida. Queridos, já digo que talvez eu não seja a melhor pessoa para escrever sobre isso, pois sim, minha cabeça nessas horas fala bastante e eu sou uma parte neste grupo também – e me parece que não é isso que as pessoas querem ler. Eu não sou uma pessoa 100% resolvida da vida, sou GENTE e procuro não escrever nada além do que se passa dentro de mim e, no momento, também estou com um pézinho neste clube.

LARGA TUDO, FAÇA O QUE VOCÊ AMA E ZAZ ZAZ

Eu nunca vou conseguir dizer “larga tudo e vai!”, pois eu não fiz isso. Eu me planejei, juntei todo dinheiro possível, fiz uma poupança, busquei opniões de amigos e fiz terapia.  Eu sou mega controlada com dinheiro, é meu perfil. Não foi um surto de “não quero mais”, foi um surto, mas com um investimento planejado em um sonho que nem eu sabia direito na época. Mesmo depois de ter saído de uma empresa, fiz freelas e freelas de outras áreas e de segmentos da fotografia de que eu não sou fã. Muita gente dizia “Mas, Isa, você não gosta disso”. Porém, se não fosse por isso, eu não teria comprado minha primeira câmera, não teria pagado meu curso e menos ainda investido em um cantinho. Hoje, a minha fase da vida é diferente. Talvez se eu tivesse escrito este texto com 18 anos eu falaria: LARGUEM TUDO! ao pé da letra. Mas, não é o caso agora. Faz tempo que pago minhas coisas, conta de luz e água e sei como é TRISTE chegar no fim do mês e a coisa não dar samba. Minha fase hoje é mais delicada, tenho uma balança imensa para equilibrar e é preciso ter um pouquinho de razão nessas horas, não só coração: “quero ter tantos cachorros, filhos e preciso ganhar X e tenho que deixar de comprar minha pizza pra guardar tanto no fim do mês e…” dá-lhe pifar o cérebro. Cada caso é um caso, cada vida, uma vida.
Por essas e outras que acho muitos discursos profissionais hoje em dia, uma coisa só romantizada para vender uma vida inspiracional. É gostoso inspirar as pessoas, sim. Mas, melhor ainda é valorizar o perfil de cada uma, ser sincero de que tudo tem um lado não tão legal e que você também não está 100% seguro se não estiver. Vende- se muito a ideia de que freelancer e empreendedores tem uma vida linda. Trabalhar em casa é bom? é bom. Trabalhar fora também era? também era, eu gostava. Acho que cada lado tem suas vantagens e precisamos olhar e valorizar elas. Tem trabalho que será impossível realizar sem ser em um escritório, e aí, vai ser infeliz? Não, gente. Ser freelancer ou trabalhar de casa precisa ser uma decisão do seu perfil e tipo de serviço, não por um ponto de fuga. Conheço gente que se ficar um dia todo em casa sem falar com ninguém, sem conhecer ninguém SURTARIA. Nem por isso, precisa ser sofrível. Porém, como disse, não me parece que é isso que querem escutar.
Como o Barba disse esses dias, vamos eternamente nos balançar entre a satisfação, realização e estabilidade. Cada momento é um momento: de ralar muito e juntar dinheiro, sentir prazer, de se realizar e, uma hora, isso se equilibra. Tudo faz parte de um todo muito maior. Por exemplo! Fabinho respira música – e nem percebe. Tem muitas trilhas que recebe para fazer de uma hora para outra, rola pressão, cliente chato, trabalhar todo final de semana em qualquer hora, madrugadas seguidas. É trabalho. O hobby é quando estamos eu e ele deitados no sofá cantando sweet home alabama ou quando eu fotografo a Lucynha e não modelos ou produtos.
Por isso, apesar de toda a indecisão que seu coração possa estar, SIGA. Se agarre no que te faz bem, no que te traz calma e paz. Se é fotografar, continue fotografando, mesmo com dúvida. Acima de tudo, se agarre no que você é. A alegria de viver, tem que vir disso. Senão, não tem “melhor emprego do mundo” que te faça feliz – isso eu aprendi na pele.

Em momento algum eu disse “não siga seus sonhos!”, mas sim “siga seus sonhos, siga seu coração, mas respira, se conheça e tenta usar a cabeça junto”.

Quando o assunto é futuro, paciência é a palavra chave. E aí, meus amigos, quem disse que a gente tem? Né, não?

SOBRE O HOJE E VIVER DO QUE “NÃO DÁ DINHEIRO”

Eu sinto que hoje, a gente quer ter tudo de bom pra AGORA e óbvio que seria lindo, mas não é bem assim. Até para quem já decidiu o que fazer da vida – e olha que eu escrevo aqui sabendo como é duro-duríssimo levantar da cama todos os dias e pensar que você queria fazer uma coisa diferente do dia anterior. Na fotografia eu me encontrei. Eu reuni de tudo um pouco que em cursos estudei desde direção de teatro até moda. Amo e faço com todo coração, como tudo que cai nas minhas mãos e espero conseguir viver dela e de outras coisinhas que me empenho para fazer acontecer, como este blog. Pra mim a fotografia nunca foi sozinha. Pra mim, uma imagem não vale mais que mil palavras: as palavras e a fotografia, se complementam. Eu preciso das duas e assim, tento fazer meu caminho. Fácil? não é. Eu choro sim quando o desespero bate. Mas, levanto, recarrego o bom humor e sigo. Porque é assim que tem que ser. A vida não pode parar.
Eu acredito que todo mercado tem suas dificuldades e complicações e pensar que “vou morrer de fome trabalhando com isso”, é besteira. Uma vez ouvi uma frase mais ou menos assim “rico é aquele que administra bem o que cai no seu bolso”.  Se você ganhar 10 mil e viver como se ganhasse um milhão, de nada adianta. Pra mim isso diz tudo.

“O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER? FAZ (P)ARTE ”

Me fizeram essa pergunta muitas vezes e, na maioria, alguém completava “a Isa vai trabalhar com arte, só pode. Ou comunicação”. E eu? Tive minhas muitas épocas de insegurança e outras da certeza de que estava sim, no caminho certo e de repente, tudo se virou. Mas, como todo ser humano nas minhas crises existências mensais pensava que talvez eu não teria nascido para trabalhar com arte, apenas para respirá-la.

Ah Isa, mas e se tudo der “errado” e você não for fotógrafa? Deu. Eu tentei. E creio que de alguma maneira, farei o errado virar o certo. Pois, eu posso não saber o que eu quero ser quando crescer, mas sei bem as pessoas que eu quero caminhar lado a lado e dar o melhor. E a arte? vai estar sempre no meu dia, em coisas bobas e pequenas, enquanto eu a quiser enxergar. Jamais deixarei de dar as mãos para ela, é uma parte grande mim.

Enrolei, enrolei sim. Pois por fim, você vai pensar: o que diachos você quer ser quando crescer? Bom, a resposta está em uma crônica já escrita e posso garantir que não é “fotógrafa”. É um sonho besta infantil e que de besta não tem nada.

A minha única conclusão disso tudo é que sou feita de sonhos. Acredito que aos poucos e com esforço eles vão se realizando ou se reinventando. Por isso, trabalho minha paciência, o que não é nada fácil. O que não pode faltar é vontade de encontrar beleza no dia a dia, ainda que com um céu ou escritório cinza. A satisfação tem que ser poder ser quem a gente é, ser melhor ao nosso redor e respirar essa vida que está aí para se viver, sabendo ou não o que a gente quer fazer.

Realização é um suspiro de vida durante o dia – não uma carteira assinada ou um home office. É SER apesar de.

 

– Sobre mudança de emprego, de eu e de tudo mais está aqui nessa entrevista.

De alguma forma, eu espero ter dado uma ajudazinha. Se de nada lhe serviu, mil perdões. Deleta esse link da cabeça e do coração, sem ressentimentos 🙂 hehe