{"id":7680,"date":"2015-02-02T13:11:13","date_gmt":"2015-02-02T13:11:13","guid":{"rendered":"https:\/\/nadaalemdosimples.com\/?p=7680"},"modified":"2017-12-20T16:03:01","modified_gmt":"2017-12-20T16:03:01","slug":"para-imaginar-historias-as-casas-e-seus-donos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/nadaalemdosimples.com\/para-imaginar-historias-as-casas-e-seus-donos\/","title":{"rendered":"> Para imaginar hist\u00f3rias: “as casas e seus donos”"},"content":{"rendered":"
Contei para voc\u00eas que ficamos uns dias no interior do RS. Todas as vezes que vamos para l\u00e1, al\u00e9m do seu c\u00e9u sem filtro cinza de polui\u00e7\u00e3o, o que mais me rouba a aten\u00e7\u00e3o s\u00e3o as casinhas. \u201cINHAS\u201d porque s\u00e3o queridas, n\u00e3o por serem menores de tamanho ou valor. Agora, vou contar outra coisa, o barbudo e eu temos uma mania: inventar hist\u00f3rias. Se estamos em um restaurante, ou na rua, um de n\u00f3s ergue a sobrancelha apontando para um lugar ou casal, fam\u00edlia e diz: \u201cQual \u00e9 a hist\u00f3ria?\u201d E, lendo os sorrisos e trejeitos, criamos situa\u00e7\u00f5es. Eu, como ele mesmo diz, vou um pouco mais longe e at\u00e9 palavras invento o dia todo. Mas essa deixa para outro dia. “T\u00e1, Isa. Onde voc\u00ea quer chegar?”<\/p>\n
N\u00e3o \u00e9 novidade dizer que casa diz muito sobre quem somos. Mas l\u00e1 as casas expressam, para quem estiver ali passando, a sua identidade para quem quiser ver. O que \u00e9 algo que na cidade grande se perdeu um pouco: as casas viraram fortes; t\u00eam muros alt\u00edssimos, alguns colocam at\u00e9 umas plantinhas para alegrar, port\u00f5es altos e s\u00f3 vemos os telhados; lan\u00e7as, cacos de vidro, arames el\u00e9tricos e tudo o que n\u00e3o faz parte de n\u00f3s. L\u00e1 a frente das casas contam hist\u00f3rias: uma pintura impec\u00e1vel em tons quentes, que foi escolha da m\u00e3e da casa; um gramado cortadinho em um domingo pregui\u00e7a; uma rachadura na parede onde foi a primeira batida de carro do filho ao sair da garagem; uma onde o cachorrinho no quintal da casa, na verdade, \u00e9 um cavalo; outra onde o quintal da casa \u00e9 um campo aberto. Umas com um port\u00e3o pequeno, outras sem port\u00e3o; umas em madeira, outras com vidros mais modernos; roupas penduradas ali na frente, super gente como a gente; outras mais discretas no fundinho do quintal.
\nEu espero que elas n\u00e3o mudem e que, se poss\u00edvel, eu possa ver seus donos para rir de que minhas hist\u00f3rias n\u00e3o t\u00eam nada a ver. Eu espero que elas, as casas, continuem dando a cara a tapa para o que s\u00e3o, pelas suas fachadas simples e lindas, por muitos anos. Assim, no pr\u00f3ximo ver\u00e3o, posso ver o que mudou e continuar a criar hist\u00f3rias sobre as pessoas nesse mund\u00e3o que, embora ainda pequeno em tamanho e popula\u00e7\u00e3o, n\u00e3o foi t\u00e3o afetado por tristes hist\u00f3rias que o for\u00e7aram a mudar o rumo das fachadas.
\nEntenderam onde quis chegar? Divirtam- se a\u00ed em imaginar. Nossa vida \u00e9 feita de detalhes, \u00e9 s\u00f3 reparar. Eles contam muito sobre n\u00f3s \u2013 n\u00e3o pense que n\u00e3o. \ud83d\ude42<\/p>\n
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