{"id":3742,"date":"2013-12-03T14:17:33","date_gmt":"2013-12-03T14:17:33","guid":{"rendered":"https:\/\/nadaalemdosimples.com\/?p=3742"},"modified":"2017-12-20T16:02:11","modified_gmt":"2017-12-20T16:02:11","slug":"observando-sobre-o-lar","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/nadaalemdosimples.com\/observando-sobre-o-lar\/","title":{"rendered":"> Sobre o lar"},"content":{"rendered":"
Um dia eu olhei meus desenhos de quando eu era crian\u00e7a, com mais ou menos 7 anos. Mergulhei fundo no meio de todas aquelas lembran\u00e7as, cores e borr\u00f5es. Eu sorria e sorria, virando cada folha daquele caderno fininho. Eram poucos desenhos, acompanhados de frases com gigantescos erros de portugu\u00eas, mas que com certeza n\u00e3o me impedia de tentar me expressar. Olhei e percebi que de todos os desenhos, mais da metade eram sobre minha fam\u00edlia. Todos desenhados com tra\u00e7os largos, tremidos e sem muita harmonia, mas todos desenhados bem pertinhos. Era uma declara\u00e7\u00e3o silenciosa e inconsciente sobre o amor. Sobre meu lar. O lar que eu desenhava ali sem uma casinha. N\u00e3o sei porque. Talvez eu n\u00e3o soubesse ou n\u00e3o conseguisse juntar os 5 pontos necess\u00e1rios para fazer uma simples casinha. Ou talvez porque, com aquela min\u00fascula idade, eu j\u00e1 soubesse que n\u00e3o \u00e9 apenas com um belo teto que se faz um lar.<\/p>\n
Um lar \u00e1s vezes \u00e9 n\u00e3o ter teto, mas ter um ombro. Te faz sonhar e pensar que voc\u00ea pode ser \u00e0s vezes fraco, mas que se tiver esfor\u00e7o pra sonhar, n\u00e3o tem nada que n\u00e3o se possa fazer para sorrir e amar. Afinal, um lar nos d\u00e1 raiz em meio a tantos redemoinhos da vida. Um lar… Um lar d\u00e1 saudade! Saudade daquele cheirinho de p\u00e3o fresquinho no fim de tarde quase como uma melodia que se canta com um caf\u00e9 quentinho, rodeada de sorrisos ou choros tamb\u00e9m. Um lar \u00e9 saber que tem momento pra se sentir tudo, s\u00f3 que agora nunca mais sozinho.<\/p>\n
Com o caderno nas m\u00e3os, eu olhei para o lado e vi um homem com o sorriso que j\u00e1 sei de cor, olhei para o outro e vi um focinho que imita um pequeno cora\u00e7\u00e3o. Meu lar mudou um pouquinho. Ou melhor, aumentou. A gente consegue se sorrir. A gente nem sempre se bate nas ideias, mas se esfor\u00e7a pra se gostar sempre mais. A gente \u00e0s vezes ainda quer fugir, mas queremos ir juntos agora porque vivemos melhor de m\u00e3os dadas. A gente funciona. Mesmo \u00e0s vezes tudo indo pra baixo, \u00e9 sempre um bom momento para reconstruir e agradecer. Descobrimos como ser um lar dentro de n\u00f3s. Um lar em que podemos ser n\u00f3s mesmos \u00e0 vontade, com os defeitos abertos e as qualidades se completando. E muitas vezes, escolhemos amar o imperfeito porque ele \u00e9 perfeito pra n\u00f3s. Um lar \u00e9 um pedacinho nosso, vivendo em outro lugar: a gente consegue sentir, sofrer e viver tudo, tudo junto na nossa vida, como se fosse mesmo nossa. E de certa forma, at\u00e9 que \u00e9.<\/p>\n