Eu achava que precisava ser forte para correr, mas \u00e9 justamente o contr\u00e1rio.<\/p>\n
“A dor \u00e9 inevit\u00e1vel, o sofrimento \u00e9 opcional” \u00e9 uma das minhas frases preferidas escrita por\u00a0 Carlos Drummond de Andrade, entretanto foi no final do ano de 2016 e come\u00e7o deste ano que pude entend\u00ea-la perfeitamente na pele.<\/p>\n
Comecei a correr porque eu n\u00e3o conseguia, sou teimosa neste n\u00edvel. Meu cunhado e meu namorado j\u00e1 estavam viciados quando pensei que poderia tentar. Na verdade eu sempre quis e inventava milh\u00f5es de desculpas, dentre elas, a que eu precisava ter for\u00e7a, aprender a respirar e uma cabe\u00e7a boa para conseguir. At\u00e9 certo ponto eu realmente n\u00e3o estava errada. Correr \u00e9 muito mais do que apenas colocar um p\u00e9 na frente do outro: Se a sua cabe\u00e7a disser que voc\u00ea n\u00e3o consegue, o seu p\u00e9 n\u00e3o vai pra frente. Se o seu p\u00e9 n\u00e3o estiver fortalecido, n\u00e3o adianta nada sua cabe\u00e7a acreditar que voc\u00ea pode ir mais r\u00e1pido e se voc\u00ea tiver tudo isso e n\u00e3o conseguir ouvir o seu corpo e controlar a respira\u00e7\u00e3o, a corrida n\u00e3o durar\u00e1 mais do que 50 metros. Naquela \u00e9poca tudo isso eram maneiras de tirar a responsabilidade de mim e, de infelizmente, n\u00e3o acreditar que eu era capaz. Eu passava por uma fase de transi\u00e7\u00e3o de trabalho, mudan\u00e7as e por consequ\u00eancia a minha confian\u00e7a estava muito abalada. A vida do\u00eda, como d\u00f3i para todos, mas, neste momento, eu escolhia sofrer e n\u00e3o aproveitar o caminho.<\/p>\n
No fundo, correr nunca \u00e9 s\u00f3 sobre correr<\/strong>.<\/p>\n N\u00e3o foi f\u00e1cil come\u00e7ar, j\u00e1 contei in\u00fameras vezes aqui. Foi correndo cada vez um minuto a mais ou cada vez um segundo mais r\u00e1pido, que aprendi a valorizar cada pequena conquista suada. Sorrir e comemorar, deixava tudo mais leve e gratificante de continuar. Correr passou a deixar o meu dia mais tranquilo e fazer com que eu tirasse 20 minutos para ficar sozinha comigo mesma e gostar disso. Os 20 minutos viraram 30, 40, 50, 1 hora, 2horas, 3horas… uma maratona. Cada dia era uma novidade e um aprendizado, me trazendo um novo sentido a cada corrida para recome\u00e7ar. Cada corrida \u00e9 diferente. \u00c9 um outro dia, um novo corpo, temperatura diferente, hidrata\u00e7\u00e3o, alimenta\u00e7\u00e3o, roupa, horm\u00f4nios, dias cinzas, sol, chuva… Correr me ensinou a respeitar a evolu\u00e7\u00e3o de meu corpo com o presente de cada dia.<\/p>\n Ningu\u00e9m come\u00e7a pronto para correr. Assim como na vida. A gente nunca est\u00e1. E correr n\u00e3o \u00e9 sobre isso. \u00c9 justamente sobre n\u00e3o estar pronto e lidar com isso. N\u00e3o importa o tempo ou a dist\u00e2ncia. N\u00e3o \u00e9 sobre ser forte, ir mais r\u00e1pido ou mais longe, mas sobre n\u00e3o desistir e aproveitar o caminho.<\/p>\n Todo dia ir\u00e1 doer de diferentes maneiras, mas fazer disso um sofrimento, est\u00e1 somente em minhas m\u00e3os.<\/p>\n Hoje, eu descubro a cada dia, por qual motivo eu corro.<\/p>\n Mas sempre ser\u00e1 sobre nunca desistir de acreditar<\/strong>. Assim como na vida.<\/p>\n “N\u00e3o \u00e9 uma corrida, \u00e9 uma jornada”<\/p>\n Aproveite.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Eu achava que precisava ser forte para correr, mas \u00e9 justamente o contr\u00e1rio. “A dor \u00e9 inevit\u00e1vel, o sofrimento \u00e9 opcional” \u00e9 uma das minhas frases preferidas escrita por\u00a0 Carlos Drummond de Andrade, entretanto foi no final do ano de 2016 e come\u00e7o deste ano…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":15364,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1877],"tags":[1977,1641,1238,1212],"yoast_head":"\n